Não é regra, mas pensei várias vezes, para mim mesma, que este não seria o espaço para acontecimentos ou sentimentos tristes. Por isso, vou acreditar que este também não o é ou que, pelo menos, terá um desfecho feliz - assim o espero e Deus queira!
Em Moledo, a 5 metros da nossa casa, acabei de assistir ao socorro de um ciclista que caiu, sem capacete, e ficou inanimado no chão. O INEM não demorou mais de 7, 8 minutos a chegar. As pessoas que estavam perto, começando pelo meu cunhado que viu tudo e ligou para o 112 imediatamente, foram de uma dedicação desinteressada incrível. E é aqui que surge o motivo deste post, que é mais um desabafo - eu queria muito ter feito alguma coisa.
O homem, que no início nao se mexia e pensava-se que não respirava, teve a sorte de ter por perto um motociclista socorrista que parou, ao lado dele, mal ele caiu. Teve ainda a sorte de ter uma profissional da saúde (médica, enfermeira ou socorrista, não sei) que o acompanhou desde a queda, até ele ser levado pelo INEM. Será que foi sorte? Eu quero acreditar que sim e que estes dois senhores, mais o INEM e depois o apoio hospitalar, esteja ele a ser dado onde for, que o vai salvar e deixá-lo sem sequelas maiores. Acredito tanto nestas profissões! São as que mais admiro! Os médicos, enfermeiros e socorristas têm falhas, sim senhor. Ou não fossem humanos!... Mas quem decide por este estilo de vida (a meu ver é bem mais do que uma profissão) é por amor ao próximo. Só pode!
Agora a continuação do desabafo: eu tenho esse amor ao próximo e gostava muito de ter as capacidades médicas para ajudar quem precisasse. Hoje gostava de ter assistido este homem, ciclista, sem as proteções necessárias, filho de alguém, provavelmente pai de alguém e irmão de alguém. Boa ou má pessoa, merece ser socorrida - assim dita o código deontológico dos profissionais de saúde. Estive durante meia hora a sentir-me impotente. De mãos atadas a ver todos a ajudarem-no. E a maior ajuda que pude dar foi não me meter.
Não é desde sempre que tenho esta vontade por poder ajudar as pessoas na área da saúde. Mas foi desde cedo que me apercebi que a área do design não era o que eu amava. Chegada a esta conclusão, automaticamente fiz uma restrospectiva dos passos que dei, da forma como os dei e porque os dei. Não interessam as minhas conclusões a ninguém, nem ao menino Jesus. O resumo é: neste momento sentir-me-ia, sem dúvida, muito mais realizada se tivesse seguido a área da saúde, ou uma outra na qual me sentisse uma pessoa mais útil para a sociedade onde vivo e apta a ajudar, seja quem for, a qualquer altura, em qualquer momento, em hora de expediente ou não.
Não. Já não vou a tempo. Não tenho tempo nem dinheiro para tirar um novo curso. Pode ser que me saia o euromilhões e, em vez de passar o resto da minha vida ainda mais futilmente do que até agora (na área profissional obviamente!), em vez de andar a gastar de forma a fazer inveja aos vizinhos, talvez me pusesse a realizar os meus sonhos de simples mortal. E este, o de ser uma profissional da saúde, era um deles.
Desde que estou desempregada, aquilo que mais me cativou, além da Alice e de tudo o que tem a ver com ela, foi o workshop de suporte básico de vida. Quem sabe com mais tempo, quando a Alice entrar para o infantário, não me ponho a a fazer uns cursos de socorrismo e afins. Se souberem onde os há de graça, agradeço que me informem! ;) A julgar pelo panorama actual vou ter imeeeenso tempo e durante bastante tempo! Como diz o outro: "Adiante!..."
Sempre fui de fazer tudo, fossem coisas mais interessantes ou menos interessantes, com muita vontade, entusiasmo e dedicação. Vou continuar a fazê-lo em tudo aquilo a que me propuser. E cada vez mais! Porque hoje em dia, ter um emprego é uma dádiva a que devemos agradecer todos os dias.
Por isso, se não for na área da saúde, será noutra em que, acredito, encontrarei também motivação e me entregarei por completo (8h por dia, 5 dias por semana ou algo de género, please! É que as restantes horas são para mim e para a minha querida família, bale?...). Mas este desabafo, esta dedicatória a este amor tinham que ser feitos. Pelo menos apeteceu-me!